O rei Fogo


Quem se deixa levar pela bebida, torna-se escravo do vício








Uma lenda africana fala de Phuza Kakhulu, o grande rei Fogo, poderoso do Norte do Rio Congo.
Um dia, quando se deslocava em comitiva pela selva, perdeu-se dos demais e, após caminhar por muitas horas, encontrou uma humilde cabana em uma clareira, à beira de um rio. Pelo caminho, havia rasgado todo o seu nobre traje, tendo apenas a aparência de um homem cansado.
Ao se aproximar, foi gentilmente saudado por um velho, que há muitos anos tentava a sorte a buscar ouro nas águas do pequeno riacho, o qual lhe ofereceu repouso e uma bebida deliciosa, de altíssimo teor alcoólico, fermentada por frutos silvestres.
O rei, testando a reação do seu hospedeiro, após beber o primeiro copo, disse:
- Bom homem, sou primeiro oficial da guarda pessoal do grande rei Phuza, soberano de todas as tribos. Quando ia em comitiva pela selva, desloquei-me à frente, para antecipar qualquer perigo. Vi-me perdido e acabei por encontrar sua choupana.
O velho, sentindo-se honrado, respondeu:
- Feliz sou eu, pois julgava-me esquecido por Deus e pelos homens e, agora, o destino trouxe à minha morada tão distinto oficial.
O soberano, satisfeito, tomou outro copo e continuou:
- Conhecendo-lhe melhor o coração, sinto-me seguro para revelar que não sou apenas um oficial da guarda, mas o general comandante de todo o exército do império do grande rei de todas as tribos.
O velho, admiradíssimo, respondeu: - Vejo que a honra a mim concedida por Deus é a maior que tive na vida, pois jamais pensei que pudesse ser de alguma utilidade a um servidor tão nobre do grande rei.
O rei tomou mais um copo cheio e, já com os olhos a brilhar e sem poder conter o riso, disse:
- Se te sentes feliz por receberes um general, saiba que realmente sou primeiro-ministro do reino e das terras conquistadas, encarregado de todas as riquezas do nosso imenso país. Tenho sob meu controle pessoal as finanças do rei, que nada faz sem antes me consultar.
O pobre velho arregalou os olhos e exclamou:
- Já não me sinto digno de estar a servir Vossa Excelência com tão simples bebida, em uma tão simples palhoça. Se a alguém eu disser que esteve comigo, em minha própria morada, a mão direita do grande rei de todas as tribos, receberei favores e a história que agora tenho a contar certamente interessará a todos que venham a ouvi-la.

"Sua Majestade" não pôde conter uma estrondosa gargalhada. Após tomar outro copo cheio daquela poderosa bebida, já com os olhos vermelhos e a cabeça a bailar, estufou o peito e revelou:
- Bom e hospitaleiro homem, não sou um simples oficial, um general ou primeiro-ministro - disse ele com a voz embargada pelo álcool - mas o próprio rei Phuza Kakhulo, majestade de todas as tribos, o grande e terrível rei Fogo!
O homem tomou-lhe a garrafa, arrancou-lhe o copo da mão e respondeu:
- Pare lá, pobre homem! Já não podes beber, pois que no próximo copo me dirás que és o próprio Deus! Agora sei quem realmente és: um fraco que, não conseguindo se dominar, deixa-se levar pela força da bebida. Já não me agrada a tua companhia!
Então, sentindo-se ofendido pela suposta pilhéria que o bêbado lhe teria feito, arrastou o rei até uma pequena canoa às margens do rio e, colocando-o nela, deixou que as águas o levassem rio abaixo.
Assim é a situação do que se deixa levar pela bebida. Não é trabalhador, advogado, estudante, médico, ministro ou presidente; é apenas um pobre infeliz, escravo do vício da bebida, sendo levado pelas águas da vida.
A Bíblia Sagrada ensina:
"Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? (...) Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos? Para os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco. Os teus olhos verão cousas esquisitas, e o teu coração falará perversidades. Serás como o que se deita no meio do mar (...) e dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando despertarei? Então, tornarei a beber." Provérbios 23.29-35.




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